Acordei e quis não ter acordado.
Não quero morrer nem nada do tipo, só que enquanto sonhava, sonhava que estava tudo bem.
Sonhava com o certo sexto andar, uma certa planta e uma certa pessoa.
Sonhava com ela e seus dedinhos, pequenos e sutis, passeando pelo meu cabelo, meus ouvidos.
Sonhava com aquele momento onde a paz era tão verdadeira e real que no ar, havia partículas douradas e doces de alegria.

E agora o que sobrará desse sonho?
Só a lembrança de que foi bom?
De qualquer forma, acordei e agora não há espaço para qualquer outra coisa do que a loucura da incerteza e da espera.
Não há espaço para qualquer sentimento bom além da preocupação queimando meu estômago aos poucos, me tirando a fome e me fazendo dormir cada vez menos.
Me tirando o sonho bom.
Não há espaço para nada além do sabor amargo do desepero na língua, misturando-se devagar com o ócio, a inutilidade, o medo...

A frase fica ecoando na minha cabeça de tal forma mas não tem uma continuação, e isso faz com que o tempo se prolongue cada vez mais.

Há um pouco de raiva misturado nisso tudo.
Uma raiva meio enverginhada,meio tímida, e que fica ali no canto só me olhando com cara de ódio e tristeza, meio silenciosa.

Prefiro ignorá-la.

Admito: não sei o que fazer.
Não sei se corro, ous e fico parada. Não sei se respiro ou seguro o fôlego.
Não sei o que fazer agora.
Aceito fazer tudo, mas esperar não dá.
Essa tempo se arrastando chegando perto de mim, ele é doente, doentio e me deixa doente.
Não posso tê-lo me empurrando e querendo que eu o aceite.
Não posso nem olhá-lo nos olhos.
Não posso, simplesmente não posso.

Mas ao mesmo tempo, não sei como empurrá-lo para longe.
Não sei o que fazer para tirá-lo daqui.
Não consigo ignorá-lo, sua feições nojentas e despezíveis, não consigo ignorar, são assustadoras de mais.
Seu barulho é incômodo.
Não posso sair, e não aguento ficar.

O que fazer nesse instante agora?

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